sábado, 9 de agosto de 2008

Crítica de Cinema - Alma de Poeta, Olhos de Sinatra (1996)

Filme dirigido por: Tiffanie DeBartolo
Crítica redigida e editada por: Brunna Antunes

Temos hoje uma infinidade de comédias românticas abarrotando as salas de cinema. Muitos deles, como sabemos, possuem uma temática até original, mas suas estruturas são basicamente as mesmas: apresentação dos personagens, drama que impede o romance de fluir, o ápice desse drama e, o esperado happy end.

Muitos poderão dizer que Alma de Poeta, Olhos de Sinatra (Dream For An Insomniac, EUA) não passa de mais um filme que se utiliza dessa fórmula. Entretanto, o único filme da escritora Tiffanie DeBartolo é uma bela poesia sobre a importância de lutar pelo que queremos, e não nos conformarmos com o que é medíocre. Parece familiar, não é? Pois é aí que se engana: esse filme retrata tudo aquilo o que estamos cansados de saber e assistir, mas sob uma perspectiva totalmente diferente.

A história ocorre basicamente em uma cafeteria. A fotografia P&B realça um ambiente cercado por depressão e desmotivação: Frankie (Ione Skye), uma mulher que sofre de insônia desde a morte dos pais, e Rob (Michael Landes), um homossexual que não tem coragem de assumir-se para o pai, são dois personagens completamente radiantes na personalidade, mas insatisfeitas interiormente.

Até que tudo se torna colorido (inclusive a fotografia do filme, coisa que muitos dirão se tratar de uma "sacada boba", mas que eu achei surpreendente) quando Frankie conhece o escritor David Shrader (Mackenzie Astin), o novo empregado da cafeteria. Sentimos no ar o clima de romance. Tudo parece bonito, e finalmente Frankie encontra um sentido na vida ao descobrir o verdadeiro amor. E é correspondida em grau maior, para sua felicidade. O curioso para Frankie é que David, apesar de deixar transparecer sua paixão, não se declara de modo algum. É nesse momento que seus amigos Rob e Allison (Jennifer Aniston) irão encorajá-la a tomar a iniciativa (posto que todos achavam que David era um rapaz acanhado).

É quando tudo parece perfeito que surge o drama: David, o cara com rosto de anjo e olhos de Sinatra (referência usada para olhos azuis, brilhantes e apaixonados) , apesar de amar enlouquecidamente Frankie, não poderá se relacionar com ela, por um motivo que está acima de sua vontade... A partir daí, um drama pequeno, mas de proporcões gigantescas, irá atormentar Frankie durante os dias que lhe restam na cidade. Ela luta então para conquistar David, sem medo de expor seus sentimentos à humilhação e ao descaso.

Como diria Frankie: "Existem tantas coisas medíocres na vida para se lidar, e amor não deve ser uma delas".

O filme é inteiramente construído por uma evidente experiência da escritora, onde citações literárias e frases perfeitas são ditas em momentos oportunos. E é isso que torna o filme brilhante e vivo, resgatando dentro de um tema explorado de forma tão maçante, uma nova maneira de enxergar a vida . Não são metáforas de imagens representando algo: são palavras que dão todo o sentido à uma imagem.
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